sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Pontos onde devem ser postos

Dizia um amigo meu, um bocado para o "minhocas"... acrescente-se, que isso de pôr os pontos nos is é um disparate porque o i já lá tem o ponto e mais um, em cima daquele que dele é, fica sempre a mais.

Lembrei-me disto por causa da capa do Notícias de Ourém de hoje. A grande chamada noticiosa é para uma foto da escola da Atouguia e... pontos nos is. Com merecimento de grande relevo no interior, na "página mais nobre", a página 3.

E assim de repente, vi-me no meio de um vulcão político à escla oureense, com o sr. presidente da Câmara a fazer das suas vulcânicas afirmações. Pelo que quero... fazer o ponto da situação sem colocar nenhum sobre o meu i (que já lá o tem...), até porque, dado o meu longo passado conspirador, não quero ver-me metido neste caso, ao que parece com atribuidos contornos conspirativo/subversivos.

Duas pessoas vizinhas e amigas passaram aqui por casa e convidaram-nos para irmos a um almoço de recolha de fundos e solidariedade para a escola da Atouguia. Disse logo que sim, se não tivéssemos outra obrigação maior. Ainda me pediram para falar ao Chichorro. Assim fiz e, como o Roberto também estava livre e disse que sim, lá fomos os três. E até levámos uns livros para reforçar a solidariedade.

Salão paroquial cheio, um ambiente agradável. Estranhei a ausência de alguém da Junta, mas disseram-me que o presidente tinha ido à pesca (ou foi à caça?). Tudo bem. Sublinho a presença de um deputado (e presidente da concelhia de Ourém do PS, se me não engano), mas não nessas qualidades, nem delas fazendo alarde, o que achei muito positivo.

Afinal, estava a participar num "caso" (que caso?), numa "coisa do outro mundo" (oh!, sr. presidente!)...

Se do almoço resultou uma significativa angariação de fundos para bons fins, se motivou um esclarecimento para quais os canais competentes para solucionar problemas, se provocou uma visita urgente das entidades oficiais para resolverem situações que estavam a precisar de ser resolvidas, ainda bem. O que era desnecessário era carregar os is com uns pontos destes em cima.

Todos sabemos que a imagem em política é importante, mas não vale exagerar!

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

As PPP em Ourém

Uma das “lebres” que este momento político levantou foi a das parcerias público-privadas (PPP), “fórmula” e designação curiosas que surgiram com grande impacto, particularmente em autarquias em busca de saídas de becos financeiros (ou de avenidas de oportunidades nem todas autárquicas e confessáveis…). O facto é que as pobres das PPP foram agora acusadas de algumas malfeitorias responsáveis pela situação de que se conhecem quais a causa e a responsabilidade - que não se querem reconhecer, nem à lei... do “Far-West”.
Não resisto a trazer um desses impactos PPP.
A uma reunião da Assembleia Municipal de Ourém do início de 2008, o então Presidente da Câmara trouxe a proposta de criação de uma PPP e, para explicar a “novidade”, fez-se acompanhar por um técnico desses que agora há que sabem muito de coisa nenhuma, que fez uma exposição de 55-minutos-55 a apresentar a mezinha (acta: «No intuito de caracterizar, em breves traços, o modelo “PPP – Parceria Público Privada”, esteve presente o Dr. Henrique Albuquerque que abordou de forma clara o fundamento do modelo referido, o qual está a ser implementado tanto em Portugal como em outros países europeus.»)
Na votação que se seguiu, dispensei-me – por falta de tempo! – de rebater a dissertação professoral que chumbaria qualquer aluno, e fiz, antes de votar, uma intervenção que me parece ter, agora, mais oportunidade que então:
Acta: «(...) Julgo compreender perfeitamente as motivações do senhor Presidente da Câmara. Há que ultrapassar, para a realização destes seus projectos, procedimentos administrativo-creditícios que já nem empresas municipais conseguem comportar, e vá de entrar pelo direito privado, com uma sociedade comercial anónima. No entanto, se não se põe em causa a utilidade de tais equipamentos, tudo o mais agride a nossa concepção de fim público e de uso colectivo. Por outro lado, há, ainda a questão prévia de ser feita tábua rasa da eventual articulação com cenários de verdadeiro mecenato, de que se conhece a predisposição e a possível parceria com colectividades, e a proposta poderia ficar pela construção evidentemente com benefício para os tão-só construtores, havendo outras modalidades para tudo o resto. Mas passemos adiante.
Considero que a prossecução de fim público e uso colectivo através de uma sociedade comercial anónima de direito privado representa uma verdadeira demissão do sector público das suas mais nobres funções. Citaria – vejam lá quem!... – o professor Adriano Moreira que disse que vivemos numa verdadeira teologia do mercado. Não obstante, haverá quem não venda a alma ao negócio para conseguir quaisquer que sejam os objectivos.
Senhora Presidente, Rimbaud falou do pobre turista ingénuo que, indiferente aos horrores económicos, tremia à passagem de cavalgadas e hordas. Turista não sou, ingénuo já deixei de ser, em nada me é indiferente o horror económico, de que Viviane Forrester fez um título de um livro que é um libelo. Nós, eleitos pelos nossos concidadãos para defender o interesse público, não podemos aceitar que não haja critérios diferentes para o que é – e com toda a legitimidade! – o interesse privado e para o que é o interesse público. Como perguntava Forrester: deixará de ser útil a vida do que não dá lucro aos lucros?
Como é evidente, e não obstante a compreensão para quem não encontra saídas senão no pragmatismo e para quem acha que deixou de haver almoços grátis, não aceito este caminho e votarei contra. Por princípio!
E basta.”

Esta intervenção foi transcrita na acta e, na reunião seguinte, no ponto de aprovação da acta anterior, tive de corrigir:
«(…) na página dez, décima quarta e décima quinta linhas as expressões “… em breves traços…” e “…de forma clara…” não deveriam figurar pois, no seu entender, a intervenção feita pelo Dr. Henrique Albuquerque (sobre os PPP) não foi breve nem clara, pelo que estes adjectivos deveriam ser retirados.»

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Mea culpa

(à Vilas Boas)
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Li o longuíssimo suspiro com que Sérgio Faria reage ao que escrevi reagindo a um texto de um tal Nicky Florentino, personagem danada de sua criação mas que não existe e, ao que parece, apenas por descaminho fantasmagórico anda pelo miradouro de o castelo (agregador de "blogs" oureenses, diga-se). Mas tudo isto deve ser confusão minha que ando a ver fantasmas e sou dado a esoterismos, com reflexos em errados endereços e conteúdos que fazem suspirar enfastiadamente Sérgio Faria. Mea culpa.
Li uma vez o que me foi endereçado, e vou tentar poupar-me a ler segunda vez, pelo que agravarei, decerto, as minhas confusões sobre construções ficccionais, cuja subtil teia seria incapaz de totalmente abarcar ou de nelas embarcar. Já a pessoana me é difícil.
Este é o único ponto que quero esclarecer. O das minhas confusões. E esclarecido está.
Assim quer Sérgio Faria? Assim seja, ou tenha sido feito.
Quando ao resto, nada a fazer. Tenho pena, e mais ainda por não reconhecer reciprocidade.
Apenas peço que Sérgio Faria, diga o que quiser, não mais se refira às minhas prisões.
E acrescento que é tarde para deixar de ter a calejada falta de tempo e de jeito para conversas destas. Não porque não goste de esgrima, embora mais de florete e nada de espadeirada, mas porque quero ocupar o resto da minha vida a cumprir o partido que tomei (redundo no sublinhado da pequenez da letra p de partido), de procurar fazer o melhor que puder, ainda que nada seja, por 10 milhões de conterrâneos e vindouros, de centenas de milhar de milhões de chineses e vindouros, de 5 cubanos em Miami, de um chinês em Pequim, para denunciar o que se está mesmo a ver ser ludíbrio (lista com muitos itens a intercalar, sem que perturbem uma hierarquia de prioridades). Agora, ocupam-me sobretudo os PECs, OE para 2011, a Greve Geral e essas coisas tão menores e, para tantos directamente interessados, tão desinteressantes.
Et par le pouvoir d’un mot
je recommence ma vie,
je suis né pour te nommer,
pour te connaître :
liberté

(Eluard)

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Prémio Nobel da Paz - a prova que faltava

Eu bem desconfiava. Mas faltava-me a prova, preto no branco.
É que, sendo o Prémio Nobel da Paz atribuído, ao que parece segundo o benemérito descobridor da pólvora, à “pessoa que tivesse feito a maior ou melhor acção pela fraternidade entre as nações, pela abolição e redução dos esforços de guerra e pela manutenção e promoção de tratados de paz", não encontrava justificação para a atribuição deste galardão àquele chinês que está preso por razões chinesas, por mais discutíveis que estas sejam (depois de conhecidas, acho eu…).
Embora desconfiasse de outras razões, certo estava que não era pelo critério explícito de "acções pela fraternidade entre as nações, pela abolição e redução dos esforços de guerra e pela manutenção e promoção de tratados de paz". E eis que, em Ourém, um conterrâneo e homónimo por quem tenho, habitualmente, respeito e admiração, me veio esclarecer. O laureado do Prémio Nobel da Paz foi-o por estar “encarcerado por apelar às condições de liberdade dos chineses”, e será esse o novo critério para atribuir o prémio (embora não se tenha acrescentado ao título "dos encarcerados por apelarem a condições de liberdade seja de quem for e pela forma que for"). Critério para este ano, porque o ano passado foi outro também não concordante com o traiçoeiro título…

Assim, o conterrâneo tira, evidentemente, toda a razão ao PCP - a que, “carinhosamente”, apelida de “vanguarda nacional dos operários e desvalidos” (*) - para verberar esta atribuição em que o partido, que seria cego, terá visto intenções perversas, perdão, desviadas do critério da atribuição de tal prémio.
Mas, já agora, de uma desconfiança para outra, desconfio que há alguma má vontade, quiçá preconceito, deste nosso conterrâneo relativamente a esse dito partido (que é o meu!), que até se atreve a incluir entre os desvalidos que lhe justificam a existência, milhares de milhões de chineses que estão a libertar-se ano a ano, penosamente mas cheios de “ajudas”, da liberdade de viver miseravelmente, ou de morrer rapidamente.
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(*) – os estatutos dizem “partido da classe operária e de todos os trabalhadores portugueses”.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Artur de Oliveira Santos

Para a colaboração regular que então mantinha no Notícias de Ourém, no dia 21 de Janeiro de 2000 (dia em que o meu pai faria 102 anos) escrevi este texto, depois publicado. Lembrava-me de o ter escrito, procurei-o e, surpreendentemente, encontrei-o. É um extracto desse texto o que, hoje, 5 de Outubro de 2010, por-aqui/por-ourém quero deixar:




O MEU TIPO INESQUECÍVEL
ou
A FIGURA OUREENSE DO SÉCULO


(...) Nas Seleções, que me irritavam por terem, logo na capa e título, um erro que a língua portuguesa não deveria perdoar, havia, no entanto, secções (ou deveria escrever seções?...) que lia com interesse e talvez algum proveito. À boa maneira norte-americana, o retrato de uma figura importante para um qualquer autor preenchia “O meu tipo inesquecível”. E o dito autor desenhava o retrato de um homem (ou mulher... mas muito menos) de que só havia coisas boas a dizer, mesmo que algumas fossem ternamente malandras. Uma humanidade a deitar por fora, e nem sempre a soar a verdadeira!
Pois bem, ao longo da minha vida fui encontrando alguns “tipos inesquecíveis”. Lembrei-me disto porquê? Porque se está agora numa onda semelhante, com a procura de quem é o “tipo inesquecível” do século. Então, porque não “entrar na onda” e procurar quem teria sido a figura oureense do século.
Para mim, que muito vivi do século – do que já passou e espero ainda viver dos mais de onze meses que ainda faltam para ele acabar –, para mim, sem hesitação, essa figura, “o meu tipo inesquecível”, foi Artur de Oliveira Santos.
Aliás, Artur de Oliveira Santos começou o século, embora ainda muito novo, já como uma figura marcante na sociedade de Ourém enquanto destacado propagandista republicano, muito activo, com uma intervenção permanente, sobretudo no campo da imprensa.
Esta breve nota biográfica (minha ou de Artur de Oliveira Santos?!) não pretende mais do que prestar testemunho e homenagem. A figura de Artur de Oliveira Santos merece uma investigação bio-bibliográfica séria, exaustiva, e não está entre as minhas formações, experiências e vocações esse tipo de trabalhos.
De qualquer modo, impressiona pegar em velhos jornais – em A Voz de Ourém, de 1908! – e ver o nome de Artur de Oliveira Santos, então talvez a rondar os 30 anos, na ficha técnica, como director, e encontrar, na última página, um anúncio de um quarto de página de uma oficina e estabelecimento de funileiro, com o nome de A Social e a propriedade de Artur de Oliveira Santos.
Tive o privilégio de conviver com Artur de Oliveira Santos, que morreu quando eu tinha perto de 20 anos. Encontrava-o em todas as iniciativas dos oureenses residentes em Lisboa, onde o meu pai me começou a levar... antes mesmo de ter nascido.
Assim fui conhecendo algumas histórias da História, por vezes por pergunta directa de um miúdo atrevido e sempre recebido com grande carinho. Histórias dos primórdios da República, histórias de Fátima, histórias da guerra civil de Espanha (onde, como enfermeiro, socorreu muitos combatentes), das prisões, dos tempos de fuga e esconderijo, da solidariedade de tantos oureenses que o acolhiam e até tinham divisões das suas casas adaptadas a “esconderijos para o Artur”. E li muito artigo, quer por si assinados, quer sob o pseudónimo de João de Ourém, revelando todos, mesmo aqueles em que aparentemente mais valorizava a polémica, um conhecimento da história de Ourém, uma cultura, uma preocupação pedagógica, um “amor pela terra”, que muito me ajudaram a construir essa imagem de “meu tipo inesquecível”.
E de figura oureense do século XX!
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da página 57 de Nos 50 anos da Casa de Ourém, 10º almoço dos oureenses em Lisboa, 18.06.1944 (posso identificar, quase um a um, AOS é o primeiro sentado no lado direito, e estou entre ele e a minha mãe):
(...)
(...)


segunda-feira, 4 de outubro de 2010

A vinda de Jerónimo de Sousa a Ourém

Não me cabe fazer o relato. Mas tenho de deixar duas ou três notas. Pessoais.
Foi pena a chuva. Embora a esperássemos, uma réstia de esperança (e de sol...) manteve até ao começo da tarde a confiança de que a meteorologia se teria enganado.
Mas não foi assim. A chuva pôs-nos todos à prova e teríamos, todos, passado (sem ser administrativamente) a prova(ção). Os da concelhia que estiveram na iniciativa desde o início, os responsáveis e todo o pessoal do Chico Santo Amaro, quem veio com o Jerónimo de Sousa naquelas tarefas que, sendo silenciosas (mesmo as do som), são imprescindíveis, todos os que se repartiram por quatro salas a abarrotar porque a tal réstia de sol não apareceu.
Não foi o que gostaríamos que tivesse sido, a visita ao Museu, a ida ao espaço da Praça Nova, o passeio pela cidade e a ida ao Centro de Trabalho (a minha chave esteve de conluio com a chuva...), a visita ao Centro Histórico. Mas foi verdadeiramente impecável a receptividade pelo executivo da Câmara - pelo vice-presidente e pela responsável pelo Museu e actividade cultural, que ainda aceitaram o nosso convite para o almoço -, a simpatia no café, o acolhimento (fugindo à chuva) na Ucharia, a presença da comunicação social no almoço.
Foi reconfortante ver que a vinda a Ourém foi o pano de fundo para uma passagem na RTP de algumas palavras de Jerónimo de Sousa (bem poucas para a importância - e urgência! -de todas elas).
E, pela net, circulam fotografias que, em gesto muito amigo, me fizeram chegar por e-mail, e de que deixo duas.




domingo, 3 de outubro de 2010

Na visita de Jerónimo de Sousa a Ourém

Na visita de Jerónimo de Sousa a Ourém. Antes da sua intervenção e do convívio no final da refeição que o Samuel animou - e esses foram os momentos que importaria registar -, depois da (justa) saudação a quem tanto trabalhou para a excelência da refeição e do convívio, disse o que segue:

Caros camaradas e caros amigos,
Camarada Jerónimo de Sousa,
já hoje, em vários momentos, te dei as boas-vindas a Ourém. Faço-o, de novo, em nome da Comissão Concelhia do Partido Comunista Português e, se me permitem, em nome de todos os que aqui estão em convívio contigo.
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Cada dia é um dia especial. Como nos dizia um guarda no Aljube, “mais um dia, menos um dia!”. Mas hoje, para os de Ourém, é um dia muito especial. Embora, sendo de luta, seja um dia igual a todos os outros. Assim o será para ti. Não para nós … porque estás aqui connosco, a dar-nos alento e força.
Pouco saberás – aliás, pouco sabemos todos... – desta terra. Somos um concelho com 420 quilómetros quadrados, com mais de 50 mil habitantes, o segundo do distrito de Santarém, por isso muito cobiçado pelos partidos que apenas se preocupam com eleitores e nada com a situação dos trabalhadores e das populações.
Mas há outras coisas de que é importante falar, como do núcleo de oureenses que fez da Festa do avante!, tal como ela é, um exemplo de vida e de trabalho – que tem de ir para além da Festa –, onde se saúda a entrada de dois novos militantes, com menos de 20 anos. Este é o futuro que se constrói sobre o nosso passado. Na luta!
Aqui, nesta terra, em dois lugares, houve tipografias em que se imprimia o avante!, na heróica clandestinidade com os nomes de Joaquim Rafael e de Catarina Machado.
Aqui, nesta terra, houve quem tivesse ficado, no verão de 75, toda a noite, na sua vacaria, no espaço a que chamávamos a República de Cuba por estar nos baixos de uma cuba, com uma espingarda em cima dos joelhos, à espera do que estaria para vir de Alcobaça e de Rio Maior.
Aqui, houve muita e muita coisa para contar, que ilustro com o facto de não se ter conseguido abrir um centro de trabalho em 1975, e só em 2001 termos concretizado esse objectivo, a cuja inauguração veio o secretário-geral que te antecedeu, o camarada Carlos Carvalhas.
Estamos, por isso, na segunda visita a este concelho do secretário-geral do PCP.
Julgamos ter merecido mais, mas sabemos quanto o País é grande pois a luta que é a nossa não esquece quem vive na ilha do Corvo ou emigrou, como não pode esquecer o habitante do Palácio de Belém, e a esse lugar nos candidatamos com a candidatura de esquerda e patriótica do camarada Francisco Lopes. Candidatura que é nossa, dos comunistas. Mas não só… pois é também de quem for de esquerda e patriota e, por isso, queira contribuir para um outro Portugal.
Camarada Jerónimo de Sousa, camaradas e amigos, estes últimos dias têm sido particularmente esclarecedores, não obstante as carradas de poeira que, de fora e de cá de dentro, nos têm atirado aos olhos. Sobre eles, sobre estes dias que vivemos, muito teria para dizer… mas estamos aqui, além do convívio amigo contigo, camarada Jerónimo, para te ouvir.
Por isso, obrigado por teres vindo, e passo-te a palavra… não sem antes te dizer uma última, pessoal, deste velho militante que te conheceu no sindicato dos metalúrgicos, que, cheio de alegria e confiança, te via passar, de eléctrico, no Largo do Rato, a caminho da Assembleia Constituinte e te saudava, que contigo atravessou momentos complicados na Assembleia da República e no nosso Comité Central, e que, hoje, está feliz por tu estares aqui e nesta tarefa.