Não sei se, depois desta semana, haverá muitos mais leitores de Saramago em Ourém. Mas sei, sem qualquer dúvida, que haverá, depois desta semana e dos trabalhos que a antecederam, muito mais jovens a conhecer Saramago, a saber que ele existe e... a saber coisas sobre o que ele é e o que escreveu.
O que já justificaria todo o enorme trabalho, que não me cansarei de elogiar. Embora o desejável seja que, entre tantos jovens, um ou dois ganhem curiosidade em o ler e, como Carlos André disse tão bem, fiquem seus leitores sem ser por obrigação. Pelo prazer da leitura. Da leitura e da leitura de Saramago.
Esta manhã começou pelo descerramento de um busto do "nosso Nobel", pelo Presidente da Junta da Azinhaga, aldeia onde nasceu José Saramago, da autoria de um aluno com a colaboração de uma professora e de colegas, e foi um acto marcante na exposição que está a ser visitada por muitos jovens.
Depois, foi uma conferência de Dalila Mateus, professora doutorada em História, e que se fez acompanhar de uma muito representativa delegação da escola de Lisboa em que é docente, sobre Saramago, o escritor e o seu tempo, que foi uma excelentemente documentada lição sobre... Saramago, o escritor e o seu tempo. Sem eufemismos, dando o nome às situações que se viveram (fascismo, guerra colonial, repressão, assassinatos), com o apoio anexo de uma ilustração que foi projectada após a exposição.
Por último, a leitura dramatizada de um conto de Saramago, pelo actor Paulo Nery, que, apesar do atraso, da relativa agitação inicial, e da excessiva extensão do conto, foi agradável de seguir, permitindo-me salientar a apresentação do actor muito bem interpretada por duas alunas, com verdadeiro sentido teatral, de intenção e colocação de vozes.
Não posso, neste apontamento, deixar de confirmar a estranheza e o desagrado pelo alheamento relativamente a esta iniciativa por parte da Câmara Municipal, e da força partidária que lhe é maioritária, tanto mais que a Doutora Dalila Mateus trazia exemplares da sua conferência sendo um deles para oferecer à Câmara Municipal. Algo se passa?...
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