Às 23.59 de 09.10.2009, em o castelo vai nu, SF, o habitual comentador político das coisas oureenses, o vizinho melhor preparado que ninguém para o fazer, pela sua formação, sentido de observação, acompanhamento próximo de tudo o que se passa no funcionamento das instituições (releve-se a presença e notas sobre as reuniões da AM) botou post. Talvez à laia de fecho de campanha. Publicado no minuto que antecede o fecho da oportunidade de alguém ripostar, sob pena de lhe cair em cima o anátema de estar a "fazer campanha" depois das 00.00 de 10.10. Em que já estamos. O que não me incomoda, porque já não estou em campanha para as autárquicas, estando sempre em campanha.
Não gostei da "habilidade" ou "esperteza". SF poderia ter escrito o que escreveu há um ano, há um mês, há uma semana. Escreveu-o às 23.59 de 09.10.2009! Como quem diz a última palavra. Não aceito. Nunca aceitei que me dissessem a última palavra, nunca a quis dizer, e procuro sempre fazer o primeiro gesto. Por isso, não achei... bonito.
Com a sua reconhecida capacidade e inteligência, SF vem decretar que, de cinco hipóteses que, pretensamente, esgotariam as alternativas do eleitor perante a urna "apenas uma garante mudança política por via eleitoral". No pressuposto, insistentemente inoculado por uma campanha para tal orientada, que há uma candidatura da "situação" e que há candidaturas de "mudança".
Uma candidatura de "situação" porquê? Porque é do Partido que, como também insistentemente se veio instilando como consensual, está há 30 anos no poder autárquico local. E essa candidatura foi bastante frouxa nos esforços para mostrar o que queria mostrar: que sendo do mesmo Partido há tanto tempo maioritário, era, também uma candidatura que queria "mudança".
Candidaturas de "mudança" porquê? Porque candidaturas de outros partido que não o que tem estado há 30 anos no poder, desvalorizando-se até ao irrisório que alguns desses partidos, de uma ou de outra forma, com pequeno ou muito pequeno grau, também têm responsabilidades na "situação" de que se distanciam como sendo a ela completamente alheios; porque de mudança de personagens a interpretar políticas que até podem vir a ser iguais ou idènticas uma vez que não se discutiu políticas e, até porque, aos vários níveis do poder político em que têm alternado, difícil é encontrar diferenças entre as políticas de alguns desses partido. Isto é, mudanças que poderiam ser de caras e ilusórias.
Trata-se de ilusionismo e de funambolismo políticos, com ares de objectividade e neutralidade. Ainda com insistência na postura insustentável de que "não se tomou partido".
Apenas contraponho um outro exercício
Cenários pós-eleições:
1) Na Câmara - 4PSD-3PS, logo tudo aparentemente na mesma, mas dependendo de
.....1.1) distribuição ou não de pelouros pela "oposição"
.....1.2) composição da Assembleia Municipal
2) Na Câmara - 4PS-3PSD, logo, efectiva mudança na composição do elenco, com troca de maioria absoluta, e mudança efectiva desde que
.....2.1) a nova maioria correspondam novas políticas e diferente funcionamento do executivo
.....2.2) composição da Assembleia Municipal
3) Na Câmara - 3PSD (ou 3PS)-3PS (ou 3PSD)-1CDS-PP, logo, efectiva mudança na composição do elenco camarário, com mudança efectiva no funcionamento, por inexistência de maioria absoluta e natural tendência para um deslizar das políticas e do funcionamento para as posições do CDS-PP
.....3.1) a situação condicionada, ainda, pela composição da Assembleia Municipal
4) Na Câmara - 3PSD (ou 3PS)-3PSD (ou 3PS)-1CDU, logo, efectiva mudança na composição do elenco camarário, com mudança efectiva no funcionamento, por inexistência de maioria absoluta e natural tendância para um deslizar das políticas e do funcionamento para as posições da CDU.
.....4.1) situação condicionada, ainda, pela composição da Assembleia Municipal
5), 6), 7),..., vários cenários a partir da composição do elenco camarário, todos eles a cruzar e a articular com vários cenários na composição da Assembleia Municipal, de que deixo, apenas , um exemplo a que não se pode negar viabilidade.
2) Na Câmara 4PS-3PSD e ... (o acima escrito, em resumo: maioria absoluta do PS)
.....2.1.) Na AM, por via também dos presidentes de junta, maioria do PSD, ou com voto decisivo para a criação de maiorias do CDS-PP e/ou da CDU.
E por aqui me fico, pois apenas quero ilustrar a perspectiva claramente redutora de SF, que não pode esconder uma opção pessoal por debaixo da capa de uma pretensa objectividade. E que, com toda a evidência, afunila e condiciona o voto na perspectiva do "voto útil" (que nem o é, mesmo na redutora análise!), que desvaloriza a democracia e em nada credibiliza a política, fomentando todos os "jogos de clientelas".