terça-feira, 31 de março de 2009

Há "ambientalistas típicos"?

No "serviço público" que tem sido o castelo, que se deseja que continue a ser, e em que o debate é trave-mestra, têm vindo ao de cima, de vez em quando, formas de debater absolutamente negativas porque são o contrário do debate, que tem de assentar no respeito mútuo, por maiores que sejam as diferenças. Basta de "trollitada"!
Num comentário, encontro um texto que considero estimulante e que lamento ver perdido entre outros comentários e polémicas em tom indesejável. Transcrevo-o e acrescento-lhe uma breve nota pessoal:
«(...) não sei o que raio é «o ambientalista típico», mas não creio que seja apenas essa raça de gente que, por exemplo, se incomoda com as descargas das suiniculturas na ribeira dos milagres. e também não sei que raio de liberal é que defende - ou, vá lá, admite - tal prática. (aqui tenho um problema, não sei como classificar tais descargas, se como capitalistas - este deve ser o apodo para a coisa usado pel'«o ambientalista típico» -, se como selvagens - este deve ser o apodo usado pelo avesso d'«o ambientalista típico» -, se como liberais - este apodo não creio que faça sentido, mas, à cautela e à cão, uso-o distorcidamente, para cobrir a hipótese de que tais descargas não «devem ser limitadas por leis e regulamentos».)
quanto a essa de que «o ambiente é considerado uma causa de esquerda» é um bocadinho tonta, porque sem grande fundamento fora da caricatura. quanto mais não seja porque é também e cada vez mais considerada uma causa de direita. (e apenas isto para não complicar e não perguntar: quem considera e por que é que considera que «o ambiente é considerado uma causa de esquerda»?) faz mais sentido afirmar que o ambiente é considerado uma causa de malta jovem (porque é). ou que o ambiente é considerado uma causa de malta mais escolarizada (porque é). ou que o ambiente é uma causa das gerações mais recentes (porque é). ou que o ambiente é considerado uma causa pós-materialista (esta remete para Ronald Inglehart, um gajo que tem investigado o que chamou de «revolução silenciosa» e «deslocamento cultural» nas «sociedades industriais avançadas»).
um bocadinho tonta é também a alegação de que «o ambiente é considerado incompatível com o lucro». basta perceber o quão crescente é o negócio verde, seja em termos de comércio de produtos biológicos - suspeito que «o ambientalista típico» não enjeitaria esta denominação, embora ela seja também um bocadinho tonta -, seja em termos de investigação, equipamentos e tecnologia com vista à avaliação, controlo e diminuição dos impactos ambientais de determinadas actividades económicas. negócio promovido e suportado por alguns desses «ambientalistas típicos». e talvez até por alguns «ambientalistas atípicos». uns e outros, como os demais envolvidos no negócio, capitalistas provavelmente, até porque - não sei, suspeito - devem querer ganhar dinheiro com a coisa.»
Nota pessoal: Há alguns anos (há escalas tão diferentes, que fujo a dizer se muitos se poucos), fui entrevistado pelo Diário de Notícias, da Madeira. Entre muita pergunta-rasteira, apareceu uma sobre o ambiente e o ambientalista típico. Dei uma resposta que teve honras (bem raras tenho tido... sou, como há quem diga, um "coitadinho" sempre a queixar-se...) de 1ª página e "manchete", mais ou menos assim: não concebo um marxista - ou foi comunista que eu disse? - que não defenda o ambiente, que não seja ambientalista!
Ainda diria que das frases mais hipócritas que conheço, e bem características do capitalismo como sistema, é a "poluidor, pagador" pois, para mim, quer dizer que se o poluidor fizer contas (nelas incluindo as de possíveis negócios de "despoluição"), e achar que "vale a pena" em termos de capital reproduzido, vai poluir como lhe der na lucrativa gana! E não suspeito, tenho a certeza!

Ler Saramago. Em Ourém - anexo

Depois de ter dado por terminada as referência a esta tão meritória iniciativa, a simpatia de Sérgio Paulino fez-me chegar umas fotografias do que quero chamar à conversa sobre José (Saramago).
Muito grato, e com muito gosto, reproduzo uma, quando falava Zeferino Coelho, editor responsável na Caminho, José Carlos de Vasconcelos, poeta, jornalista, director do Jornal de Letras ouvia, e eu, ouvindo, procurava coisas num dos Cadernos de Lanzarote.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Ler Saramago. Em Ourém - 3 e fim

De modo algum, me arrogo um balanço. Ou uma opinião final. Nem sequer acrescento as referências que seriam justas (e algumas de aplauso) aos números do programa a que me não referi.
Mas quero - tenho de - dizer que me senti noutra Ourém. Numa Ourém viva.
Com o trabalho das/os professoras/es e alunos/as, com as várias participações da Ourearte, com a excelente realização do Teatro Apollo, com as escolhas e as contribuições dos convidados (falta alguém? talvez... desculpem-me).
E tenho que dizer, também e infelizmente, que me senti na mesma Ourém que conhecemos. Com a pequenina política a ditar comportamentos, com as pessoas alheadas, com um cine-teatro frio, frio.
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Parabéns e muito obrigado aos que fizeram que me sentisse na outra e viva Ourém que tanto se deseja e para que alguns (poucos) trabalham. Com o pedido de que não desistam perante a resistência da mesma e conhecida Ourém.
Aliás, a iniciativa não terminou. Há que dela ainda tirar o tanto que está por fazer para que fique o seu testemunho e memória documental. No que puder ajudar, nas condições em que puder ajudar, podem contar comigo.

terça-feira, 24 de março de 2009

Ler Saramago. Em Ourém - 2

Não sei se, depois desta semana, haverá muitos mais leitores de Saramago em Ourém. Mas sei, sem qualquer dúvida, que haverá, depois desta semana e dos trabalhos que a antecederam, muito mais jovens a conhecer Saramago, a saber que ele existe e... a saber coisas sobre o que ele é e o que escreveu.

O que já justificaria todo o enorme trabalho, que não me cansarei de elogiar. Embora o desejável seja que, entre tantos jovens, um ou dois ganhem curiosidade em o ler e, como Carlos André disse tão bem, fiquem seus leitores sem ser por obrigação. Pelo prazer da leitura. Da leitura e da leitura de Saramago.

Esta manhã começou pelo descerramento de um busto do "nosso Nobel", pelo Presidente da Junta da Azinhaga, aldeia onde nasceu José Saramago, da autoria de um aluno com a colaboração de uma professora e de colegas, e foi um acto marcante na exposição que está a ser visitada por muitos jovens.

Depois, foi uma conferência de Dalila Mateus, professora doutorada em História, e que se fez acompanhar de uma muito representativa delegação da escola de Lisboa em que é docente, sobre Saramago, o escritor e o seu tempo, que foi uma excelentemente documentada lição sobre... Saramago, o escritor e o seu tempo. Sem eufemismos, dando o nome às situações que se viveram (fascismo, guerra colonial, repressão, assassinatos), com o apoio anexo de uma ilustração que foi projectada após a exposição.

Por último, a leitura dramatizada de um conto de Saramago, pelo actor Paulo Nery, que, apesar do atraso, da relativa agitação inicial, e da excessiva extensão do conto, foi agradável de seguir, permitindo-me salientar a apresentação do actor muito bem interpretada por duas alunas, com verdadeiro sentido teatral, de intenção e colocação de vozes.

Não posso, neste apontamento, deixar de confirmar a estranheza e o desagrado pelo alheamento relativamente a esta iniciativa por parte da Câmara Municipal, e da força partidária que lhe é maioritária, tanto mais que a Doutora Dalila Mateus trazia exemplares da sua conferência sendo um deles para oferecer à Câmara Municipal. Algo se passa?...

Mea culpa

O post abaixo foi reproduzido no "miradouro" de ocastelo, no verdadeiro serviço público que este vem cumprindo. Por minha exclusiva culpa, ao passar, de fugida, pelo "miradouro" não vi essa transcrição e fiz, há pouco, um comentário em que me baseava nessa minha deficiente visita, que depois - e só depois - corrigi.
Daqui, várias culpas minhas, incluindo a de não ter sido capaz de eliminar o comentário.
Pelo que: as minhas desculpas... que, assim, chegam ao "miradouro", ao ocastelo e ao "alvo" do meu comentário.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Divulgação de abaixo-assinado

Por via da ACISO recebi o seguinte abaixo-assinado, com 169 assinaturas de comerciantes, a que dou a divulgação possível (e toda a solidariedade), com a mesma intenção de que seja travada a desolação a que tem sido condenado o centro da cidade, juntando-me aos que, unidos, defendem o pouco que ainda resta do seu comércio.

Ler Saramago. Em Ourém

Começou hoje a semana Ler Saramago. Em Ourém.
Com um programa preparado por uma equipa dedicada, competente e determinada. Incluindo professores e estudantes. Que fez excelente trabalho e que merece que tudo corra muito bem.
Acompanharei quanto puder.
Nesta manhã, o programa consistia numa sessão formal, uma conferência, um concerto de saxofones da Ourearte, e abertura de uma exposição.
A sessão de abertura formal seria às 09.30 e começou com bastante atraso devido à não chegada dos representantes da Câmara e da Assembleia municipais. Não posso deixar de registar o facto. Tal como registo os que me parecem positivos, não ignoro os que, a meu ver, são de assinalar os negativos. Como é que estando dois vereadores na sala, o Presidente da Câmara se faz representar por um não eleito que não chega ã tempo?, e porque é que a Presidente da Assembleia Municipal não se faz representar, sabendo-se, de antemão, que alguns "deputados municipais" estariam presentes? Haverá razões da política "à oureense" que a razão política desconhece? De qualquer modo, a iniciativa merecia (se é que não exigia) outra atenção.
Adiante...
A conferência do Prof. Doutor Carlos André foi muito interesante, trazendo uma leitura cuidada num texto muito bem estruturado. Saramago deveria ter gostado de ouvir.
A exposição inaugurada merece ser visitada. Está muito bem arrumada, tem agradável circulação e... voltarei para a ver com mais detença.
Bom resto de semana!

domingo, 22 de março de 2009

Com tributo

No novo ar que se respira em Ourém, incorrigível optimista que sou procuro sempre sinais positivos. Um dos que encontrei,foi esta iniciativa para o Dia Mundial da Poesia, na Biblioteca Municipal. Até porque, sendo visitante frequente de biblioteca municipais, por razões diversas, sempre tenho sentido um grande oesar por a da "minha terra" vir sendo a "apagada e vil tristeza".
Lá fui, fazendo malabarismos com o tempo, tive a oportunidade de saudar a "equipa" (sobretudo, a principal animadora) que meteu mãos à obra ou pernas a caminho, gostei muito da forma comunicativa e agradável como a Carmen Zita nos apresentou Edgar Allan Poe, passei um excelente pedaço de tarde... naquele sítio.
Mas sai de lá triste . Os dedos chegavam e sobravam para contar os presentes, nem um vereadorzito para amostra...
Não desistam. Há que continuar! Talvez na forma de tertúlia aberta.

sábado, 21 de março de 2009

Assim o Governo Civil de Santarém faz política...

Transcreve-se Nota à Comunicação Social da União dos Sindicatos de Santarém:


Nota à Comunicação Social

GOVERNO CIVIL NÃO CRIOU NENHUMA “COMISSÃO INFORMAL”
(Esclarecimento da USS/CGTP-IN)
1. Alguma comunicação social regional, fazendo eco do que lhes foi transmitido pelo gabinete de propaganda do governo civil, anunciou que este teria criado uma “comissão informal” para avaliar os impactos da crise;
2. Dessa Comissão faria parte a USS/CGTP-IN que, segundo a leitura da notícia veiculada pela propaganda oficial, estaria a alinhar numa operação de branqueamento e de maquilhagem da situação com que se debatem milhares de trabalhadores e pequenos e micro empresários do distrito de Santarém;
3. Acontece que a realidade é outra. Ou seja, por proposta da USS/CGTP-IN, formalizada no dia 20 de Fevereiro em reunião com o Governador Civil, veio a ser criada uma comissão distrital cuja composição inicial foi sugerido que fosse a seguinte: CGTP-IN, Governo Civil, Associações de Municípios e Nersant;
4. O Governo Civil, veio a aceitar a ideia da criação desta Comissão – que, aliás, o Nersant também lhe teria proposto e, como era de esperar, fez incluir o “departamento patronal para as questões sindicais” (vulgo UGT) na referida Comissão;
5. A primeira reunião foi efectuada no dia 10 de Março e a segunda e última reunião foi efectuada no passado dia 18 – tendo esta última, merecido a divulgação pública que se conhece;
6. Sendo eticamente duvidoso o comportamento do Governo Civil, pelo menos, deveria ter existido o cuidado de informar a opinião pública de que nesta reunião a USS/CGTP-IN apresentou um documento intitulado “MEDIDAS URGENTES E CONSIDERADAS NECESSÁRIAS PARA MINIMIZAR OS EFEITOS DA CRISE”;
7. O mesmo gabinete, se fosse de informação e não de propaganda, deveria também ter referido que o governo civil se comprometeu a dar respostas à situação dos trabalhadores de quatro grandes empresas distritais onde os salários estão em atraso e/ou em situação de insolvência – questões colocadas pela delegação da USS/CGTP-IN que, registe-se, teve concordância unânime;
8. No dia 1 de Abril, a USS/CGTP-IN, espera resposta às medidas que apresentou para acautelar o emprego e os direitos dos trabalhadores e, bem entendido, quer saber quais as medidas que o governo e o patronato tomaram quanto ao futuro das empresas e dos postos de trabalho em causa;
9. A USS/CGTP-IN chama a atenção do governo civil e dos parceiros patronais de que a construção de consensos (necessários para se ultrapassarem alguns constrangimentos) só serão possíveis se existir um clima de boa fé e se, ao contrário daquilo que o governo tem feito, os Sindicatos e os trabalhadores forem respeitados;
10. A USS/CGTP-IN jamais permitirá ser instrumentalizada por quem quer que seja e, reafirma que continuará a sua luta por uma Mudança de Rumo para o país e para a região, cabendo ao governo e a quem dirige as empresas, dar resposta e resolver os problemas que afectam milhares e milhares de famílias e de jovens.
20-03-2009

A Direcção

quinta-feira, 19 de março de 2009

O desplante ou o mal e a caramunha

Porque o tema andou por blogs cá da terra não resisto a um comentário:
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então a central sindical unitária, em cujos orgãos dirigentes há representantes de sindicatos que são trabalhadores filiados no PCP, no BE, no PS, no PSD, e sei lá se também no CDS-PP, e trabalhadores sem filiação partidária, e promovem manifestações em que estão mais de 200 mil pessoas é que é manipulada?

se o é, que dizer da outra central sindical, criada com a finalidade de partir a espinha da CGTP-IN, e cujo secretário-geral é dirigente do PS (e deputado, e sei lá que mais), faz reuniões sindicais (?) com todo o protagonismo para o secretário-geral do PS e 1º ministro, e em que participa o ministro do trabalho (qual é, agora, o nome do ministério?), antes do respectivo arremedo de congresso?
Quem é que manipula quem? Quem é que existe para ser manipulado? Quem é que existe para bater palmas e assinar acordos em nome de quem não representa? Quem é?

terça-feira, 10 de março de 2009

Quintas-feiras em Vila Nova de Ourém - 2

... e assim:

(fotos de Joaquim Espada)

domingo, 8 de março de 2009

Quintas-feiras em Vila Nova de Ourém

Eram assim:

Transparência, inconsciência, autismo e um pouco de surrealismo

  • Fiquei francamente bem impressionado com a transparência do PSD de Ourém.
  • Dar a conhecer o número dos seus militantes e como eles votaram é de realçar.
  • Ficar a saber que são 524 os militantes do PSD neste concelho - que tem sido verdadeiramente um suporte eleitoral deste Partido - surpreende.
  • Com tantos milhares de votantes - à volta de 12 mil para as autárquicas e ultrapassando 20 mil para Cavaco Silva - tem grande significado haver tão poucos militantes.
  • E que, de tão poucos militantes, apenas um em cada cinco se incomode em escolher os seus dirigentes partidários ainda mais surpreende.
  • A justificação de só haver uma lista não colhe, a não ser como sinal evidente de despolitização, de despartidarização, de ausência - até entre os mais conscientes e participantes - de consciência e de participação.
  • E em ano de eleições!
  • 98 elegeram 19 porque 10 votaram em branco, num concelho de 50 mil habitantes.
  • Algo corre mal no "mundo do PSD".
  • O que pode não ter tradução nos resultados eleitorais.
  • No entanto, é um sinal dos tempos e um verdadeiro libelo acusatório para os partidos que têm feito "desta democracia" uma forma de afastar os cidadãos (até os que em si votam) da actividade política.
  • E se impressiona bem a transparência, esta completa-se pela prova de inconsciência, pior: de autismo, que é o comunicado que o PSD-Ourém divulgou.
  • nesse comunicado não se sabe, com base no "apoio massivo dos militantes" (!), quem saúda quem, quem elogia quem, quem apoia quem, porque a assinatura é do... Partido Social Democrata que não existe para lá dos militantes, dos que escolhem os seus dirigentes, dos orgãos que estes compõem.
  • De qualquer modo, o que me preocupa é a satisfação que parece resultar de uma concepção de democracia vazia de cidadãos a participar... o que é a negação da democracia.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Instantâneo demográfico de Ourém (no e do Distrito de Santarém)

As estatísticas da demografia no período de 1993 a 2007, referidas ao distrito de Santarém, acabam de ser conhecidas e saíram, na comunicação social, artigos interessantes, como no Templário.
Uma vez que os distritos ainda existem, e que o concelho de Ourém faz parte deste distrito e não de outro, aqui apenas saliento umas pequenas notas:


  • neste tão significativo intervalo de tempo – década e meia – o distrito por cada 100 nascimentos (63.207) teve 135 óbitos (85.344);
  • o concelho de maior saldo fisiológico natural – mais nascimentos menos óbitos – negativo foi o de Mação em que por cada 100 nascimentos (e foram apenas 731) houve 364 óbitos (2.658);
  • só dois concelhos – Entroncamento e Benavente – tiveram saldo fisiológico natural positivo;
  • logo a seguir a estes dois concelhos vem o de Ourém com 108 óbitos (7.513) para 100 nascimentos (6.951).

Num distrito em clara perda de população, e até desertificação em algumas zonas (Mação, Ferreira do Zêzere, Sardoal, também Abrantes), Entroncamento e Benavente crescem demograficamente, e Ourém aguenta-se.