segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Confissão e penitência

Eu sei. Eu sei. E começo por saber que, na nossa terminologia, esta coisa de confissão e penitência não tem lugar. Nós somos mais para auto-crítica (ah! são tão necessários uns exercícios diários) e correcção de erros. No entanto, persisto nesta expressão, decerto por influência das vizinhanças, talvez por insuficiente auto-crítica...
Eu sei. Eu sei que a luta de cada um de nós, por mais internacionalista que seja, deve ter por base, sempre, o local. O local onde. Onde vivemos, onde trabalhamos. E conheço, todos conhecemos, casos de quem, por não se sentir capaz de ver resultados para a luta onde a sua luta se localizava, procurou (e procura) esses resultados que não se vêem fora, e de fora para dentro, e aparentemente de cima para baixo.
Reflicto sobre isto, em jeito de confissão, porque em determinado momento, comecei a sentir-me cansado desta luta por aqui, por onde vivo, onde tenho as raízes (e noutro lado as poderia ter replantado, e aí seria o meu local de luta mas nunca o quis…).
Melhor dizendo: farto, sem paciência. Confesso. Tudo isto é tão rasteiro, tão feito de truques e tricas, que cansei. Com gente tão mazinha (alguma mesmo má) – democraticamente eleita! – a segurar as rédeas do mando e a tudo - mas tudo! - querer controlar, e uma quantidade de outra gente tratando da sua vidinha, ou manipulável, ou amorfa, ou preconceituosa até ao desespero, que alguma coisa se quebrou, cá por dentro, que tive de fazer uma pausa. Mesmo que só para efeitos internos, de saúde mental.
Mas não pode ser!
É aqui! Aqui onde nem sequer nasci, mas onde nasceu meu pai (nesta casa) e onde sempre aportei e onde me fixei.
Claro que nunca deixei de ir às reuniões da concelhia da distrital do meu partido, que participo na Assembleia Municipal onde estou eleito, que não falto aos compromissos associativos com que me comprometi (e bem difíceis e dificultados têm sido), que acompanho o que se passa… mas estava a fazê-lo sem gosto, quase como frete. E a luta, partidária e cidadã, não é frete, não pode ser sacrifício. Luta é razão de ser e alegria. Por isso, aqui estou, cerrados os dentes e fincadas as unhas na palma das mãos. E com um largo sorriso na cara e para a vida e a luta porque... um homem sorri à morte - com meia cara, como escreveu o José Rodrigues Miguéis.

1 comentário:

Maria disse...

Deixaste-me a pensar... tanto...