terça-feira, 10 de novembro de 2009

Não gosto, nem quero... mas lá terá que ser! Quem é o quê?

Começo de um artigo de Ignácio Ramonet, publicado no Le Monde Diplomatique, em Janeiro de 1995:


Pensamento único: a ameaça do novo dogmatismo

Aprisionados. Nas democracias actuais, cada vez mais cidadãos livres se sentem aprisionados, agrilhoados a por um tipo de doutrina envolvente que, sem se dar por isso, paralisa todos os espíritos críticos, inibindo-os, perturbando-os, embotando-os e que acaba por lhes suprimir o sentido crítico.
Depois da queda do muro de Berlim, da derrocada dos regimes comunistas e da desmoralização do socialismo, a arrogância, a soberba e a insolência deste novo "Evangelho" atingiu um tal nível que se pode, sem exagero, qualificar o novo furor ideológico como moderno dogmatismo.
O que é o pensamento único?
Tradução ideológica, e com pretensão a universalidade, das vantagens de um conjunto de forças económicas, em particular do capital internacional*. O pensamento único, como ideologia, começou a ser formulado e definido em 1944, por ocasião dos acordos de Bretton-Woods.
Os seus principais arautos foram e são as grandes instituições económicas e monetárias - Banco Mundial (BM), Fundo Monetário Internacional (FMI), Organização de Cooperação do Desenvolvimento Económico (OCDE), Acordo Geral sobre Tarifas Alfandegárias e Comércio (GATT), Comissão Europeia, etc. - que, através dos seus financiamentos, recrutam ao serviço das suas ideias, através de todo o mundo, inúmeros centros de pesquisas, universidades, fundações que, por sua vez, elaboram e divulgam os ensinamentos.
(...)
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* - Há também quem lhe chame ideologia da economia de mercado, até pelas suas origens (N. do T.)

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